No ano de 2023, os recursos destinados às emendas parlamentares atingiram um valor expressivo de R$ 19,2 bilhões, o que equivale a aproximadamente 27% do total de investimentos realizados pelo governo federal, estimados em R$ 70,7 bilhões. Esse dado, apresentado pelo economista Sergio Ferreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que os congressistas tiveram um papel significativo na determinação do destino de parte dos recursos governamentais no período mencionado.
Considerando todas as despesas discricionárias, ou seja, aquelas não obrigatórias, o governo despendeu um total de R$ 184 bilhões em 2023. Dentro desse montante, R$ 34,9 bilhões foram direcionados para emendas parlamentares, incluindo também valores de restos a pagar quitados de anos anteriores. Isso significa que cerca de 19% dos gastos não obrigatórios foram decididos por deputados e senadores, destacando o peso dessas escolhas no orçamento público.
Economistas têm expressado preocupação com o volume considerável de recursos destinados às emendas parlamentares no Brasil, em comparação com outros países. Marcos Mendes, pesquisador do Insper, destaca que, proporcionalmente, o país destina uma parcela muito maior de sua despesa discricionária para esse fim do que outras nações, como os Estados Unidos, onde essa proporção é dez vezes menor. Essa preocupação é compartilhada por Felipe Salto, economista da Warren Investimentos, que alerta para o impacto significativo dessas emendas no orçamento e sua possível consequência na redução dos investimentos em infraestrutura no futuro próximo.